A obra de Vik Muniz questiona e tensiona os limites da representação. Apropriando-se de matérias-primas como algodão, açúcar, chocolate e até lixo, o artista compõe meticulosamente paisagens, retratos e imagens icônicas retiradas da história da arte e do imaginário da cultura visual ocidental, propondo novos significados para esses materiais e para as representações criadas. “Sua obra abriga uma espécie de método que solicita do público um olhar retrospectivo diante do trabalho. Para ‘ler’ uma de suas fotos, é preciso indagar o processo de feitura, os materiais empregados, identificar a imagem, para que possamos, enfim, nos aproximar do seu significado. A obra coloca em jogo uma série de perguntas para o olhar, e é nessa zona de dúvida que construímos nosso entendimento” (Luisa Duarte).
Muniz também se destaca pelos projetos sociais que coordena, utilizando a arte e a criatividade como fatores de transformação em comunidades brasileiras carentes e criando, ainda, trabalhos que buscam dar visibilidade a grupos marginalizados da sociedade.
No Rosewood São Paulo, ele criou duas obras:
Na Capela Santa Luzia:
Vik Muniz sonhava em criar uma obra de Santo, o que representa hoje um dos maiores desafios para um artista contemporâneo. A Capela no antigo hospital Matarazzo foi a oportunidade perfeita. O comando foi uma combinação ideal para celebrar sua Santa, Santa Luzia, padroeira dos fotógrafos. Como sempre em seu trabalho, Vik reuniu várias imagens de novelas de TV e imagens que obteve em livros de arte para representar a humanidade como um todo.
Conta-se que Luzia pertencente a uma rica família italiana, recebeu uma excelente formação cristã, a ponto de ter feito voto de virgindade perpétua. Com a morte do pai, Luzia soube que a mãe queria vê-la casada com um jovem de família distinta, porém pagã. Ao pedir tempo para o discernimento, foi em peregrinação ao túmulo da mártir Santa Ágeda, de onde voltou com a certeza da vontade de Deus quanto à virgindade e aos sofrimentos pelos quais passaria, como Santa Ágeda.
Ela vendeu tudo, doou o produto da venda de seus bens materiais aos pobres, e logo foi acusada pelo jovem que a queria como esposa por esses atos. A partir de então, o jovem passa a realizar inúmeras acusações indevidas contra Luzia, expressando seus desejos mais íntimos e pedindo dinheiro, bens materiais e casamento. Luzia nunca se rendeu a esses comentários e pressões. Seguiu firme e fiel aos seus propósitos de vida, e, por reflexo, não querendo oferecer sacrifício aos deuses ou quebrar seu voto sagrado, teve que enfrentar as autoridades perseguidoras e até sua decapitação em 303, para assim testemunhar, com a vida ou com a morte, o que disse: “Eu adoro um Deus verdadeiro, e a ele prometi amor e fidelidade.” A antiga tradição oral diz que essa proteção, pedida a Santa Luzia, se deve ao fato de ela ter arrancado os próprios olhos, entregando-os ao carrasco, preferindo isso a negar sua fé em Cristo.
No Lobby do Rosewood São Paulo: a história da vida do Conde Agostinho Taraz
A instalação apresenta centenas de quadros do mesmo tamanho, reunindo peças que pertenciam ao Conde Agostinho Taraz (1º de janeiro de 1900 – 31 de dezembro de 1999), contando a vida de um herói local que participou de vários eventos marcantes da história brasileira. Esta coleção apresentada no Hotel Rosewood mostra desde sua mamadeira, fotografias pessoais, cartas, até artigos de diversos jornais relacionados à sua incrível vida de aventuras. É um conto de fadas inventado, que pretende ser uma metáfora crítica das grandes famílias paulistas que fundaram a cidade.
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