Cabelo é um aclamado artista visual e músico. Desenho, pintura, escultura e performance são os meios de expressão utilizados pelo artista que, ao longo de sua carreira, foi fortemente influenciado pela estética urbana, optando por utilizar linhas e cores arrojadas e abordando questões de natureza abstrata e metafísica. Cabelo teve seus trabalhos exibidos em exposições individuais no mundo inteiro, e entre outras importantes mostras de arte, foi selecionado para a Documenta de 1997 em Kassel.
Para o Rosewood São Paulo, Cabelo criou um afresco no teto do bar Rabo di Galo. O processo criativo do artista levou 68 horas de fluxo inconsciente de trabalho, no limite entre a caligrafia e o desenho. Cabelo transmitiu a sugestão sobre a natureza e a expressão ameríndia ao representar a serpente, um animal que faz parte das várias mitologias dos povos originais. A “boa constrictor” (cobra gigante, não venenosa, tipo jibóia) é considerada pelos Huni Kuin da Amazônia como “a mãe” de seu povo. Inspirado nas “mirações” (visões nos rituais Ayuasca), Cabelo propõe essas imagens, em referência à experiência cósmica, com linhas e cores que honram a expressão artística das tribos e povos da região.
O artista revela mais sobre seu trabalho no Rabo di Galo:
“A ideia foi criar um teto/cúpula de ouro escuro que evocasse a origem cósmica e a atmosfera transcendente, até mesmo sagrada, que a música nos traz. Escolhi usar apenas duas cores, uma vez que o ambiente é sóbrio. Alguns elementos antropomórficos (ou personagens) têm seus braços levantados, atirando parafusos ou cobras, indicando esta conexão cósmica de inspiração, improvisação e fluxo criativo do músico. E a simplicidade de suas formas evoca a África, as origens ancestrais.”
Cabelo se apresenta como “um cavalo do mundo”. O artista se vê como um veículo para a poesia e revela:
“Para começar, eu não pertenço. E sob tal condição, eu sou muito mais um ´o quê´ do que um “quem”. O que chamam de Cabelo não é apenas um, mas muitos, como os cabelos que crescem na cabeça. Entidades e energias — que agem juntas ou separadas — me possuem, como um ou dois times de futebol. A combinação dessas forças guia o corpo. Esse tipo de nave espacial ou polvo, que chamamos de “agoramobile”, mergulha em diferentes densidades, navegando no instante. Assim vai a flecha. Ao longo de seu curso, sua tripulação, seus tentáculos, coletam o que encontram e dispõem no convés: para apresentar o pescado do dia no riacho sem leito”.
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Representado pela galeria: agentilcarioca.com.br/artists/34-cabelo